quarta-feira, 28 de abril de 2010

"Muito mais ingênuos são os que acreditam em tudo o que o serviço de inteligência americano fala."

Numa brilhante entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo do dia 25,o chanceler Celso Amorim,que como o próprio jornal lembra,logo será o mais longevo entre os nossos ministros das relações exteriores superando até o lendário Barão do Rio Branco,patrono da nossa diplomacia,mais uma vez deixou claras as premissas básicas da nossa diplomacia: a autonomia,a independência e o pragmatismo,tendência que o Brasil já segue há décadas,com um breve intervalo nos mandatos de Collor e FHC.
O entrevistador tentou colocar Amorim contra a parede em praticamente todas as perguntas,com temas como Cuba,Honduras e,obviamente,a bola da vez, o Irã. Nos ateremos aqui a este último tema.
Em tom sóbrio,como cabe a qualquer diplomata que se preze,o chanceler brasileiro se atém aos fatos: não há previsões de que o Irã obtenha a bomba pelo menos nos próximos três anos (informação reconhecida até mesmo por autoridades como Thomas Pickering, que trabalhou com a ex-secretária de Estado dos EUA Madeleine Albright, ou o ex-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Zbigniew Brzezinski).
A posição do Brasil é de sobriedade: o Irã deveria ter aceito a proposta de trocar o seu urânio enriquecido a 20% por elementos combustíveis para o reator de Teerã, já que o governo iraniano alega que o principal motivo do seu programa nuclear é o uso hospitalar desse tipo de energia. Mas não é porque Ahamdinejad recusou tal troca (segundo Teerã porque a mesma não seria instantânea,ou seja,o Irã teria que entregar seu urãnio primeiro e esperar até Allah sabe quando para que a troca fosse efetuada),que devemos voltar ao discurso republicano de "todas as opções estão sobre a mesa", uma maneira velada de dizer "façam o que queremos ou terão o mesmo destino do Iraque."
Para o presidente Lula, o governo do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, tem os mesmos direitos dados ao governo brasileiro. Em busca de uma solução pacífica que impeça eventuais sanções por parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas, Lula enviou Celso Amorim, para Teerã (Irã), Istambul (Turquia) e Moscou (Rússia).
Segundo Lula, é obrigação de todos buscar um acordo de paz e preservar o direito de cada país de ter seu programa de desenvolvimento de energia nuclear por representar o caminho para a preservação do meio ambiente e também para vários projetos pacíficos. “O risco maior que eu poderia ter era me omitir achando que só alguns países podem cuidar da paz”, disse ele.Um recado claro a Washington dado também por Amorim que em dado momento da entrevista ao Estadão questiona porque é tão importante para um certo grupo da elite brasileira saber o que os outros pensam...

Para ler a entrevista completa: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100425/not_imp542722,0.php

Um comentário:

  1. É impressionante como essa aceitação automática do que diz os americanos, ainda persista no mundo de hoje, tão informatizado e globalizado. Apesar das várias fontes de informação, as pessoas escolhem ainda, apenas uma visão dos fatos como verdadeira. Rsrsrsrs....lembrei do pps dos macaquinhos....

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