sexta-feira, 9 de abril de 2010

Amorim acredita em acordo com Irã e desaconselha sanções da ONU

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou ontem que ainda é possível um acordo entre a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) e o governo do Irã sobre o programa nuclear daquele país. Isso poderia evitar a imposição de novas e mais severas sanções econômicas, desta vez com apoio da Organização das Nações Unidas.

- Se as sanções se confirmarem, o presidente Mahmoud Ahmadinejad ficará isolado e haverá uma radicalização, inclusive com o apoio da oposição no país - advertiu Amorim durante em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e defesa Nacional (CRE).

O chanceler brasileiro disse ter "quase certeza" que o Irã não renunciará ao seu programa de enriquecimento de urânio, que Amorim classificou como "para fins pacíficos".

- É um país que tem enormes reservas de urânio. Além disso, não é proibido enriquecer urânio - observou o ministro.

Amorim disse aos senadores que, sem acordo e com radicalização, teme que ocorra com o Irã o mesmo que se deu com o Iraque sob Saddan Husseim, país no qual a população pobre é que pagou o preço das sanções econômicas. O chanceler, entretanto, ponderou que o Irã "precisa cooperar o máximo possível".
"Enquanto houver um país com armamento nuclear, outro também vai querer se armar" afirmou.

O grande embate da audiência deu-se entre o ministro e o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), que vem mantendo uma queda de braço com o governo, e já anunciou que vai obstruir votações com a indicação de novos embaixadores, em protesto contra a política externa. Neste momento, estão parados na CRE os exames dos nomes de uma dezena de diplomatas indicados pelo presidente da República para representações no exterior.

O parlamentar amazonense sustentou ser "uma ingenuidade achar que o Irã não quer produzir uma bomba atômica".

Me pergunto quais as informações privilegiadas que Arthur Virgílio pode ter para afirmar com tanta certeza que o Irã quer a bomba e não ser o preconceito e o "achismo" que como corretamente tem avaliado o governo brasileiro marcaram o pré-guerra com o Iraque. Muitos acreditaram que Saddam possuía armas de destruição em massa apenas baseados na ideia de que Saddam era "do mal" e obviamente teria essas armas. Por este "raciocínio" Teerã quer ter armas atômicas porque é um "regime fanático" que quer "varrer Israel do mapa". A verdade é muito mais complexa que isso: se Teerã realmente estiver desenvolvendo armas atômicas isso se deve mais a uma vontade de equilibrar o poder militar com Israel do que atacá-lo,até porque um bombardeio nuclear iraniano fatalmente atingiria também a população palestina e seus aliados do Hamas financiados por Teerã. O maior perigo à segurança mundial seria aum ataque "preventivo" de Israel ao Irã que poderia desencadear uma resposta imprevisível do regime de Teerã e de seus aliados no Líbano,Síria, Gaza e Cisjordânia.

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