sexta-feira, 28 de maio de 2010

Uma vitória de Pirro?

Os 189 países signatários do Tratado de Não-Proliferação (TNP) reunidos em Nova York conseguiram chegar a um consenso na tarde desta sexta-feira e assinar uma declaração final, propondo um plano detalhado rumo ao desarmamento nuclear mundial e uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio.

A declaração final de 28 páginas foi aprovada por unanimidade hoje, último dia da conferência que durou um mês.O tratado passa por uma revisão a cada cinco anos e, na conferência de 2005, os países não conseguiram chegar a uma declaração final.
O documento final também determina uma nova conferência em 2012 "sobre o estabelecimento de uma zona livre de armas nucleares e todas as outras armas de destruição em massa no Oriente Médio". Essa foi uma ideia dos países árabes para pressionar Israel a renunciar a seu arsenal nuclear não declarado.
Após a aprovação do acordo, o chefe da delegação iraniana, Ali Asghar Soltanieh, se uniu aos demais nos calorosos aplausos na sede da Assembleia Geral da ONU.

Porém,os países que não são signatários do TNP (no caso do Oriente Médio, Israel) não são obrigados a acatar a declaração. Israel não assina o TNP justamente para não se comprometer com declarações desse tipo,portanto o que muda? Muda apenas o fato de que os árabes estão aprendendo maneiras mais sutis de expor suas posições,usando os caminhos diplomáticos ao invés da propaganda panfletária,que desde sempre têm alcance limitado.
A ideia do bloco árabe é que,mesmo que essa declaração não surta efeito imediato, no longo prazo o mundo perceba que Israel não é um país minúsculo cercado de inimigos hostis por todos os lados (o que é uma simplificação, já que Israel possui relações diplomáticas com Egito e Jordânia e nunca teve problemas sérios com as monarquias do Golfo),e que os palestinos têm direito a negociações justas em pé de igualdade,de preferência com um mediador neutro, para que finalmente seja solucionado o problema da ocupação que já dura 43 anos. Recentemente surgiu na Palestina um movimento de resistência pacífica (registrado no documentário "Budrus" da diretora brasileira Julia Bacha),que optou um caminho nunca antes tentado naquela região: a da não-violência. Pode ser que este movimento demore anos para dar frutos,ou mesmo que se esvazie antes disso,mas talvez as vitória da diplomacia obtida hoje e a resistência pacífica possam dar a resposta que décadas de conflitos armados não deram.

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