sexta-feira, 14 de maio de 2010

O Óbvio Ululante

Finalmente a tão aguardada visita do presidente Lula ao Irã se aproxima. Em entrevista recente Lula afirmou que vai fazer o que Obama,Gordon Brown e outros não fizeram: falar cara a cara com Ahmadinejad. É óbvio que Lula não está indo para o Irã somente para isso,pois esta visita já estava agendada desde visita de Ahmadinejad no segundo semestre do ano passado e o Brasil tem assuntos comerciais a discutir. Mas apesar do ceticismo geral o fato é que o presidente brasileiro conseguiu com que as atenções do mundo estejam voltadas para um encontro entre dois líderes de países tradicionalmente considerados periféricos. Hoje na Rússia Lula disse que considera que sua intenção de convencer o líder iraniano a fazer um acordo com o Ocidente para evitar sanções tem 99% de chances de ser bem-sucedido. Medvedev o líder russo disse que "sendo otimista", Lula teria 30%.
Analistas conservadores,especialmente no Brasil, têm expressado sua preocupação com a possibilidade de que o Brasil seja visto como um "rogue state" se ficar do lado de Teerã até que se comprove que realmente o programa nuclear iraniano possui fins bélicos. Dizem que o Brasil têm sido ingênuo e que está pondo a perder a sua credibilidade internacional por algo que não lhe diz respeito.
Não? Curiosamente o que pouco tem se falado nas análises é que Lula não está defendendo o diálogo com o Irã por simples capricho,para ir contra a maré ou simplesmente para ficar sob os holofotes,embora isso esteja de fato acontecendo. O Brasil apoia o programa nuclear iraniano porque deseja desenvolver o seu próprio programa,como foi dito no primeiro post deste blog.
A grande diferença é que a alguns anos atrás a voz de um presidente brasileiro não seria ouvida e hoje o Brasil além de ser o sexto maior produtor mundial de urânio possui um capital diplomático que permite a ele expor suas posições e ser ouvido num mundo cada vez mais multilateral,onde o chamado Bric (Brasil,Rússia,India e China) formam um grupo impossível de ser ignorado.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. "países tradicionalmente considerados periféricos"

    Vou guardar essa expressão para sempre!

    O próprio Lula já foi (ou é) considerado tradicionalmente periférico.

    ResponderExcluir