quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sobre as novas sanções

O Conselho de Segurança da ONU aprovou o novo pacote de sanções contra o Irã promovido pelos Estados Unidos na reunião desta quarta-feira (09/06), por 12 votos a favor, dois votos contrários - dados por Brasil e Turquia - e uma abstenção (Líbano). O voto brasileiro lembrou o acordo fechado com o governo iraniano no dia 17 de maio, que prevê troca de combustível nuclear sob fiscalização internacional, para defender a opção pela via diplomática e justificar a oposição a medidas punitivas.
Brasil e Turquia foram coerentes. Após o acordo obtido em Teerã não poderiam aprovar sanções criadas por um grupo que simplesmente ignorou o acordo.
As sanções que atingem principalmente os bancos nacionais e os Pasdaran (a Guarda Revolucionária),não atingem o ponto nevrálgico da economia iraniana que é o refino de petróleo para obter gasolina realizado pela China que obviamente condicionou sua aprovação as sanções se este ponto não fosse tocado.
Na prática o acordo trilateral Brasil-Turquia-Irã foi jogado no lixo,o que é lamentável,pois era uma chance de o diálogo prevalecer.De qualquer forma, Brasil e Turquia marcaram sua posição e continuarão a ser atores importantes no teatro das relações internacionais.
Quanto ao anúncio de Teerã de que vai continuar enriquecendo urânio, nada mais natural,já que é signatário do TNP e tem direito a isso.
Estou bastante pessimista em relação a uma resolução a esta questão. Temos dois casos clássicos de embargos que não resultaram em nada: Cuba e Iraque.
O primeiro depauperou a ilha mas não derrubou Fidel,que só entregou o poder por motivos de saúde a seu irmão Raul Castro quando e como quis. No caso do Iraque foi muito pior: após a invasão de 1991, o país árabe passou por um embargo asfixiante, que impedia a importação de cadarços de tênis e leite em pó que na mente doentia dos idealizadores das sanções poderiam ser usados na fabricação de armas.
As sanções ao Iraque empobreceram o país a tal ponto que o país quase não possuía água potável e remédio simples para curar a desidratação e a diarreia que matou cerca de 500.000 crianças. A secretária de Estado Madeleine Albright disse que este era um preço que ela estava disposta a pagar.
O Irã não está enfraquecido como o Iraque e pode suportar as sanções por algum tempo. Resta saber quais as reais intenções do Ocidente: fazer com que o Irã desista de seu programa nuclear,tarefa quase impossível pois ele é apoiado por todos os setores da sociedade, inclusive o tão decantado "movimento verde" ou enfraquecer o país preparando o terreno para uma nova invasão e um novo atoleiro.Há pessoas que não aprendem mesmo...

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