quarta-feira, 9 de junho de 2010

Brasil teme que sanções ameacem comércio bilateral com o Irã

A preocupação do presidente Lula em evitar sanções ao Irã vai além da negociação nuclear e de seu status na diplomacia internacional.

O temor do Brasil é que, aprovadas pelo conselho de segurança da ONU, essas retaliações também afetem diretamente o comércio entre os dois países.

A componente comercial da defesa do acordo nuclear entre Brasil, Irã e Turquia ficou claro nas conversas de Lula com seus ministros no voo de volta da viagem ao país persa.

Segundo a Folha apurou, Lula comemorou com seus ministros o impacto do acordo nas exportações brasileiras. "Nossas relações comerciais com o Irã vão crescer e muito com esse acordo", disse o presidente à comitiva no retorno ao Brasil.

Chefe da missão empresarial que acompanhou Lula na viagem ao Irã, o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) admitiu à Folha a importância comercial de evitar sanções contra o Irã.

"Evitar sanções terá um efeito econômico importante para o Brasil", afirmou o ministro, citando que contratos celebrados com os iranianos poderiam ser afetados principalmente pelos riscos de bloqueio de pagamentos de exportações.

Contratos

Durante a visita de Lula, 64 empresas participaram de contatos com cerca de 250 empresas iranianas. Foram fechados negócios que vão representar exportações de US$ 7,7 milhões. Além disso, há ainda a previsão de US$ 61 milhões de contratos em negociação.

Além disso, empreiteiras brasileiras que participaram da missão, como Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e OAS, têm interesses em obras naquele país. O ministro Márcio Zimmerman (Minas e Energia) disse à Folha que há negociações para parcerias na construção de uma usina de 2 mil megawatts no Irã, de porte médio.

Miguel Jorge disse que hoje boa parte dos pagamentos de exportações brasileiras ao Irã é feita via Dubai por conta dos riscos de sanção. Com isso, o custo das vendas brasileiras fica mais alto.

Segundo ele, se aumentar o risco de novas sanções, ou elas forem aplicadas, isso vai desestimular os exportadores brasileiros pelo receio de bloqueio em pagamentos, que atrasam o recebimento das vendas àquele país.

Nos primeiros quatro meses do ano, as exportações brasileiras para o Irã cresceram 62%. O país persa se tornou o segundo maior importador de carne bovina brasileira. Apesar de ser pequena a participação (0,9%) no comércio externo brasileiro, o governo aposta no seu crescimento e na diversificação de mercados.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/747531-brasil-teme-que-sancoes-ameacem-comercio-bilateral-com-o-ira.shtml

Nenhum comentário:

Postar um comentário